Reproduzo em meu blog um texto que tive contato ainda muito jovem, na década de 80, quando estudava no Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro.
Há pelo menos 2 décadas venho buscando pautar minhas ações profissionais, dentro e fora do serviço público, com base na mensagem desse texto...
Tenho amigos que também tiveram contato com esse texto ainda crianças e, coincidência ou não, hoje são excelentes profissionais. Um deles é o meu amigo CLAUDIO LEITÃO, Capitão PM e Piloto de Helicóptero, eleito o melhor Oficial do GAM no ano de 2010.
Sem mais delongas, vamos ao texto que interessa e que, se for levado a cabo, pode melhorar a vida de muita gente:
"O artigo reproduzido no presente folheto tem sido traduzido em todas as línguas, e, já no ano de 1913, havia atingido uma publicidade de mais de 4.000.000 de exemplares.
No entanto, nada mais é do que a narração despretensiosa e sem atavios literários de um feito, na sua aparência trivial, porém verdadeiramente extraordinário no fundo.
À primeira vista, a sua leitura pouco ou nada diz. Parece um conto para crianças; mas à medida que formos analisando mais detidamente o seu conceito, infiltrar-se-á em nosso ânimo e apoderar-se-á da nossa vontade com a força de todos os grandes exemplos.
No decorrer da nossa vida todos havemos de nos ver – senão nos temos já vistos – no caso de levar “uma mensagem a Garcia”, ou de encontrar quem a leve, de nossa parte. O êxito da empreitada terá dependido, ou dependerá, do grau de disposição da nossa vontade, ou antes, da decisão com que soubermos vitalizá-la para levar a bom termo o empreendimento.
Todo aquele que consiga levar “uma mensagem a Garcia” nas condições em que foi levada pelo Sr Rowan está fadado a triunfar. Na vida só triunfam, com verdadeiro triunfo, os que resolutamente, sem vacilações nem palavras ociosas, encontram um dos muitos Garcias que existem espalhados por este mundo afora, dispostos a recompensar generosamente os que andam a sua procura e sabem encontrá-los.
MENSAGEM A GARCIA
Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória como o planeta Marte em seu periélio.
Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, GARCIA, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no interior do sertão cubano, mas sem que se pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente tinha que se assegurar da sua colaboração, e isto o quanto antes. Que fazer?
Alguém lembrou ao Presidente: “Há um homem chamado Rowan; e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan”.
Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan, tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e, após quatro dias, saltou de um barco, sem coberta, alta noite, nas costas de Cuba; de como se embrenhou no sertão, para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregado a carta a Garcia, são coisas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente.
O ponto que desejo frisar é este: Mc Kinley – o Presidente dos EUA – deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia; Rowan pegou a carta e nem sequer perguntou: “Onde é que ele está?”
Hosana! Eis um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze imarcescível e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento de vértebras, para poder mostrar-se fiel no exercício de um cargo; para atuar com diligência, para dar conta do recado, para, em suma, levar uma MENSAGEM A GARCIA.
O General Garcia já não é deste mundo.
Mas há outros Garcias. Nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa, em que a ajuda de muitos se torna precisa, foi poupado de momentos de verdadeiro desespero ante a inabilidade ou falta de disposição de outros em concentrar a mente numa determinada causa a fazer.
Assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito, parecem ser a regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem sucedido, salvo se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, quer da força, quer do suborno, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre, enviando-lhe como auxiliar um anjo de luz.
Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Estás sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: “Queira ter a bondade de consultar a enciclopédia e de me fazer uma descrição sucinta da vida de Corregio”.
Dar-se-á o caso do empregado dizer calmamente: “Sim, senhor” e executar o que se lhe pediu?
Nada disso! Olhar-te-á perplexo e de soslaio para fazer uma ou mais das seguintes perguntas:
Quem é ele?
Que enciclopédia?
Onde é que está a enciclopédia?
Fui eu acaso contratado para fazer isso?
Não quer dizer Bismarck?
E se Carlos o fizesse?
Já morreu?
Precisa disso com urgência?
Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo procure o que quer?
Para que quer saber isso?
E aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas, e explicado a maneira de procurar os dados pedidos, e a razão porque deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Garcia, e, depois, voltará para te dizer que tal homem não existe.
Evidentemente pode ser que eu perca a aposta, mas segundo o cálculo das probabilidades, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu “ajudante” que Corregio se escreve com “C” e não com “K”, mas limitar-te-ás a dizer meigamente esboçando o melhor sorriso: “Não faz mal; não se incomode” e, dito isto, levantar-te-ás e procurarás tu mesmo.
E esta incapacidade de atuar independentemente, esta inépcia moral, esta invalidez da vontade, esta atrofia de disposição de o solicitante se pôr em campo e agir – são as coisas que recuam para um futuro tão remoto o advento do socialismo puro.
Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado do seu esforço redundar em benefício de todos? Por enquanto, parece que homens ainda precisam de ser feitorados. O que mantém muito empregado no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido no fim do mês.
Anuncie-se precisar de um taquígrafo, e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar – e o que é mais, pensam que não é necessário sabê-lo.
Poderá uma pessoa destas entregar uma carta a Garcia?
“Vê aquele guarda-livros” dizia-me o Chefe de uma grande fábrica.
“Sim, que tem?”
“É um excelente guarda-livros. Contudo se o mandasse levar um recado, talvez se desobrigasse da incumbência a contento, mas, também, podia muito bem ser que no caminho entrasse em duas ou três casas de bebidas e que, quando chegasse ao seu destino, já não se recordasse da incumbência que lhe fora dada”.
Será possível confiar-se a um tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?
Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais, externando simpatia para com os pobres, entes que mourejam de sol-a-sol, para com os infelizes desempregados à cata do trabalho honesto, e tudo isto, quase sempre entremeado de muitas palavras duras para com os homens que estão no poder.
Nada se diz do patrão que envelhece antes do tempo, num baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscientemente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal, que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que “matar o tempo”, logo que ele volte as costas.
Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostre incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituí-lo por outro mais apto. Este processo de seleção por eliminação está se operando incessantemente, em tempos de prosperidade, como em tempos adversos, com a única diferença que, quando os tempos são maus e os trabalhos escasseiam, a seleção se faz mais escrupulosamente, pondo-se fora, para sempre, os incompetentes e os inaproveitáveis.
É a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, no seu próprio interesse, trata somente de guardar os melhores – aqueles que podem levar “uma mensagem a Garcia”.
Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra precisa para gerir um negócio próprio, e que, ademais, se torna completamente inútil para qualquer outra pessoa devido à sua suspeita insana, que constantemente abriga, de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo.
Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada uma mensagem a Garcia retrucaria, provavelmente: “Leve-a você mesmo”.
Hoje esse homem perambula errante pelas ruas em busca de trabalho, em quase petição de miséria. No entanto, ninguém que o conheça se aventura a dar-lhe trabalho, porque é a personificação do descontentamento e do espírito de réplica. Refratário a qualquer conselho ou admoestação, a única coisa capaz de produzir nele algum efeito, seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota número 42, de sola grossa e bico largo.
Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado como esse, não é menos digno de compaixão do que um fisicamente aleijado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertemos, também, uma lágrima pelos homens que se esforçam por levar avante uma grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujos cabelos ficam prematuramente encanecidos na incessante luta em que estão empenhados contra a indiferença desdenhosa, contra a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.
Dar-se-á o caso de eu ter pintado a situação em cores demasiado carregadas? Pode ser que sim; mas, quanto todo mundo se apraz em divagações, quero lançar uma palavra de simpatia ao homem que imprime este êxito a um empreendimento, ao homem que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros, e que, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada, salvo a sua mera subsistência.
Também eu carreguei marmitas e trabalhei como jornaleiro, como também, tenho sido patrão.
Sei, portanto, que alguma coisa se pode dizer de ambos os lados.
Não há excelência na pobreza de per si; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.
Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não.
E o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, tranqüilamente toma a missiva, sem fazer perguntas idiotas, e sem a intenção oculta de jogá-la na primeira sarjeta que encontrar, ou praticar qualquer outro feito que não seja entregá-la ao destinatário, esse homem nunca fica encostado, nem tem que se declarar em greve para forçar um aumento de ordenado.
A civilização busca ansiosa, insistentemente, homens nestas condições. Tudo que um tal homem pedir, se lhe há de conceder.
Precisa-se dele em cada cidade, em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda.
O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso:
“PRECISA-SE, E PRECISA-SE COM URGÊNCIA, DE UM HOMEM CAPAZ DE LEVAR UMA MENSAGEM A GARCIA”. "
Elbert Hubbard
Esse texto é uma sincera e singela HOMENAGEM que faço à todos os "ROWANs" do GAM-PMERJ!!!
Cmte Duton
P.S.: Justiça seja feita: enquanto trabalhei à disposição da FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA / SENASP, tive contato com centenas de "ROWANs" oriundos de órgãos de segurança pública de vários Estados do Brasil.
Parece-me que, para servir na FNSP / SENASP, só quem for capaz de entregar uma mensagem a Garcia...
P.S.: Justiça seja feita: enquanto trabalhei à disposição da FORÇA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA / SENASP, tive contato com centenas de "ROWANs" oriundos de órgãos de segurança pública de vários Estados do Brasil.
Parece-me que, para servir na FNSP / SENASP, só quem for capaz de entregar uma mensagem a Garcia...
Comandante. Sua postagem trouxe lágrimas aos meus olhos. Tenho 72 anos e fiz o curso de piloto. No meu tempo aprendíamos nos CAP-4 - os famosos paulistinhas - para depois passarmos aos maiores. Não segui a carreira, mas aprendi que a ética e o companheirismo entre os pilotos é muito grande. Assim, pude entender a sua colocação de que: "servir na FNSP / SENASP, só quem for capaz de entregar uma mensagem a Garcia...". Continue na caminhada e sucesso com o seu BLOG. E obrigado pela postagem. Professor Cleibe Palone - Curitiba - Paraná.
ResponderExcluirBacana seu texto! Não conhecia esse livro.
ResponderExcluirObrigada por essa colocação; precisa-se realmente boas pontuações nesse "mundão de meu Deus".
O ócio tomou conta devida a falta de impenho das pessoas.
caríssimo! O texto e realmente cheio de riquezas, mas apenas para o período em que ele foi descrito, o contexto onde o artigo foi escrito nos remete ao período pós-escravidão dos EUA, diga-se de passagem que realmente não era de se esperar que a maior mão de obra do mundo(os escravos) fossem por si só os mais inteligentes e cultos da época.
ResponderExcluirLoas!
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