Nesta terça-feira dia 21 de agosto de 2012 meu blog completa dois anos de existência e contabiliza mais de 65 mil acessos! Muito obrigado pelo prestígio de receber um pouquinho da atenção de todos vocês, meus leitores!
O dia seria apenas para comemorações não fosse a triste notícia do dia 20 de agosto de 2012: o helicóptero AS 350 B da EFAI - ESCOLA DE PILOTAGEM sofreu um grave acidente no aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte (MG), estando a bordo o seu fundador: o Cmte João Bosco Ferreira, um dos pilotos mais respeitados do Brasil.
As informações recebidas até o momento afirmam que o Cmte Bosco está bem e que sofreu lesões leves… graças a Deus!!
Conheci o Cmte Bosco em 2004 quando fui seu aluno, no mesmo aeroporto em que ocorreu o acidente ontem: aeroporto Carlos Prates, em Belo Horizonte (MG).
Oficial-Aviador oriundo da Força Aérea Brasileira com vastíssima experiência e voo, o Cmte Bosco demonstra uma calma sobre-humana mesmo diante das mais sérias emergências em voo! O Cmte Bosco é, sem dúvidas, um verdadeiro "papa" da aviação de asas rotativas no Brasil.
No início do mês de fevereiro deste ano, tive o prazer de voltar ao aeroporto Carlos Prates para realizar com o Cmte Bosco o CURSO DE EMERGÊNCIAS EM VOO NO HELICÓPTERO AS 350, o mesmo que se acidentou ontem… (ver postagem aqui no blog sobre "A montanha russa mais rápida do mundo" datada de fevereiro de 2012).
O Cmte Bosco comigo e com o helicóptero prefixo PT-HZE ("Zé") em foto de
fevereiro de 2012: ícones da aviação de helicópteros no Brasil!
Face a má notícia deste acidente com dois grandes ícones da aviação de helicópteros do Brasil, não tenho motivos para comemorar nada no dia de hoje, a não ser pedir a Deus que continue abençoando o Cmte Bosco, sua equipe e seus alunos, de modo que muitos pilotos ainda possam absorver um pouquinho da experiência do nosso mestre por longos anos…
Encerro esta postagem com um texto do Cmte Bosco extraído do site da EFAI.
Mais do que uma lição do mestre, o texto é uma verdadeira ode aos pilotos e aos helicópteros:
SER PILOTO
Os helicópteros possuem, normalmente, quatro comandos de vôo: manche cíclico ou simplesmente cíclico; manche coletivo ou simplesmente coletivo; pedais; e manete de combustível ou simplesmente manete.
Pilotar um helicóptero é agir, coordenadamente, sobre esses comandos de forma a conduzir a aeronave de uma maneira segura e com uma finalidade predefinida. O piloto é quem comanda a aeronave, e não ao contrário, e é por isto que ele é chamado de Comandante. A regra básica é antecipar-se às reações da aeronave; não se deixar surpreender pelas reações dela. Apesar de o helicóptero, às vezes, parecer ser uma coisa viva, o ser vivente a bordo é, sempre, apenas o piloto. Por isto, somente a ele cabem as ações. Ao helicóptero somente é permitido reagir às ações do piloto!
O helicóptero necessita de cuidados no manuseio e respeito, amor e carinho na utilização. Tratado desta maneira, ele retribuirá com vida longa, proteção à sua vida e docilidade como um animalzinho de estimação. Tratado sem esta preocupação, ele transforma-se em animal feroz e, ao mesmo tempo, frágil que adoece com freqüência, dá respostas mal-criadas e poderá até machucá-lo gravemente.
No começo da convivência, (é até um pouco desanimador), parece que o helicóptero é que o leva. Com o tempo e com o desenvolvimento da habilidade, você vai descobrindo, aos poucos, que é você que leva o helicóptero para passear. Mais um pouco, e você descobre que o helicóptero é como uma roupa que você veste e que, de início, é um tanto desconfortável, mas que com o tempo vai, devagarinho, ajustando-se ao seu corpo. As etiquetas param de espetá-lo aqui e ali; os sapatos não apertam mais os pés, provocando calos; as calças não dependem mais de cintos apertados para não ficarem escorregando.
É, simultaneamente, como uma roupa tão velha que você quase nem percebe mais que está usando e tão nova que continua vistosa o suficiente para você ter orgulho de exibi-la em qualquer ambiente, por mais sofisticado que seja.
Mas há, ainda, um estágio superior em que você e a aeronave transformar-se-ão em uma entidade única. O helicóptero não tem mais o trem de pouso. Você é que adquiriu pés mais robustos e que, mesmo assim, você os pousa, com o mesmo cuidado para não machucá-los, em locais inóspitos ou em lindas paragens.
O rotor de cauda é apenas uma extensão do seu corpo e que lhe dá controle e dirigibilidade. O rotor principal é como o pulmão que você estufa e infla o seu espírito, fazendo você chegar até onde a sua imaginação permitir.
O motor e os sistemas (hidráulico, elétrico, combustível, etc.) que o fazem funcionar e o resto do helicóptero são o seu organismo que processa os alimentos e produz e consome a energia que lhe dá vida.
O painel de instrumentos é o seu sistema perceptivo, os seus cinco sentidos! O radar permite ver “lá longe”; cada ponteirinho que “treme”, cada “luzinha” que “pisca”, uma buzina que toca pode ser uma simples vertigem sem conseqüências, uma mera dor de barriga ou o prenúncio de um enfarte fulminante.
Mas não se iluda! Há quem diga que o motor é o coração do helicóptero. Pode até ser! Mas é um coração sem emoções. Se assim for, este novo ente tem dois corações: um que faz funcionar e outro, o seu, que se emociona, sofre, ama, tem ilusões, angústias e alegrias. Nesta hora, temos de voltar lá atrás e começar a separar as coisas de novo: você e a máquina.
As emoções são por sua conta e é necessário, mesmo fundamental, que você as controle.Ah!, há, ainda, mais uma coisa e de transcendental importância! Esta “entidade” (meio você, meio máquina) só tem um cérebro! O seu. Quem pensa é você. E, por isto, quem analisa é você. E, definitivamente, quem decide é você. Para isto, é necessário planejar. Estude. Compreenda. Conheça.
No aprendizado da pilotagem, é preciso automatizar muitas ações. Isto se faz com a mentalização dos procedimentos. É o que chamamos de “vôo mental”. Você ainda vai ouvir falar muito disto!
Pilotar tem muito de técnica e um pouquinho de arte. Como técnica, significa que todos podem aprender. Mas vai exigir muito estudo, dedicação e esforço. E vale a pena, porque o desenvolvimento da técnica permite fazer “bem-feito”.
Neste caso, bem-feito significa com eficiência e, acima de tudo, com segurança. A parte relacionada com o lado “arte” da pilotagem também é muito interessante porque é ela que diferencia um piloto do outro. É o dom que cada um traz consigo desde o nascimento.
O aperfeiçoamento da arte é que permite fazer o “belo”.
João Bosco Ferreira
Melhoras pro senhor, Comandante Bosco!! A aviação de helicópteros do Brasil precisa do senhor VOANDO!!
Cmte Duton
Cmte. Duton,
ResponderExcluirMuito obrigada pelas lindas palavras sobre o meu pai. Graças a Deus, ele está bem e se recuperando!
Temos muito orgulho de fazer parte de sua história. Vc também faz parte da família EFAI, Colibri 47!
Um abraço,
Juliana Sozinho Ferreira.
Muito obrigado, Juliana! Vocês da EFAI fazem com que nos, alunos, nos sintamos parte de uma só familia!
ResponderExcluirTalvez este seja um dos diferenciais da EFAI: tratar seus alunos com carinho e respeito fraternal, algo em extinção nas relações comerciais hodiernas.
Sucesso sempre para todos vocês! Melhores para o nosso grande Mestre!
Cmte Duton
... nessas horas experiência faz a diferença.
ResponderExcluirmelhoras Cmt. Bosco
PS. texto muito bacana, só agora eu li.
Abraço
FR